Em um feito inédito, o Presídio Estadual Metropolitano II, de Marituba, na região metropolitana de Belém, conseguiu inserir 100% de sua população carcerária em algum tipo de atividade, seja educacional, de trabalho ou em ambas. O resultado reflete os investimentos feitos pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), na reinserção social como o caminho para modificar o sistema penitenciário do Pará.
O PEM II possui atualmente 329 Pessoas Privadas de Liberdade (PPLs), revela o diretor da unidade, o Tenente-coronel PM Cleiderson Torres da Costa. Desse total, 179 estão desenvolvendo atividades educacionais que vão de projetos de leitura, passando pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), Ensino Fundamental, Médio e Superior, na modalidade de Educação a Distância (EAD). Torres acrescenta que outros 96 internos estão envolvidos em atividades laborais diversas, enquanto que outros 54 trabalham e também estudam.
“Nós vestimos a camisa. Aqui no PEM II fomos agraciados com policiais penais que entendem, que fazem parte desse processo, que conseguem fazer a movimentação de 220 presos estudando de segunda à sexta-feira, com nível superior, entre outros fatores. Além disso, 70% da população carcerária foi inscrita no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), outro número expressivo no estado. É muito bom fazer parte disso aqui”, garante o diretor do PEM II, o Tenente-coronel PM Cleiderson Torres da Costa.
Certificações -Na segunda-feira (28) foi realizada a certificação de 100 PPLs no primeiro módulo do Método C.I.S. O método é um programa de Inteligência Emocional promovido pela Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico (Febracis) e é realizado via online pelo coach Paulo Vieira. “Essa certificação de 100 PPLs é um recorde, creio, em todo o estado, e deixa claro o posicionamento da casa com relação às determinações da Seap”, afirma Torres.
Entusiasta do Método C.I.S, o juiz de Direito à frente da Vara de Execução Penal (VEP) da Região Metropolitana de Belém, Deomar Alexandre de Pinho Barroso, participou da certificação dos custodiados e aproveitou a ocasião para também celebrar a meta alcançada pela direção do PEM III. Ele destacou que alcançar esse feito é fruto de muito trabalho.
“É maravilhoso. Nunca tinha visto uma unidade com 100% da população ou trabalhando ou estudando, e também nunca tinha visto uma unidade com 100 PPLs fazendo o Método CIS. É um terço da população carcerária daqui, dividida em três turmas, isso é extraordinário”, declara Deomar Barroso.
O magistrado lembrou também que desde 2020 o Pará se tornou referência na aplicação do Método C.I.S e tem repassado essa experiência para os presídios do país que queiram fazer essa mudança. “O Pará hoje é referência. Essa experiência tem de ser replicada com certeza, não tenho dúvida disso. Já colocamos 1.800 internos numa edição do C.I.S. Nós já fizemos com mais de 5 mil presos e já somos referência nacional".
Ambiente favorável –Deomar Barroso destaca também que percebe que o ambiente na unidade é diferenciado quando se pratica as atividades de reinserção social, seja na educação ou no trabalho.
“O policial penal que trabalha aqui, ele vai trabalhar com tranquilidade e para ele será um trabalho onde ele não vai adoecer (mentalmente), onde não tem tensão, toxicidade. Em um ambiente inadequado, o policial adoece e adoece o preso, todo mundo adoece, mas aqui não”, argumenta.
Patrícia Sales, coordenadora de Educação da Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap, conta que o resultado alcançado no PEM II é fruto de um trabalho que segue em desenvolvimento, e que o objetivo da DRS é alcançar que todas as unidades sejam 100% envolvidas em ações de educação.
“Não só no EJA como na remissão pela leitura, mas pelo 'Projetar o Futuro', Método C.I.S, preparar para o Encceja e tudo que engloba na educação, nós queremos que os PPLs estejam envolvidos para ter a casa penal 100% na educação. A gente trabalha muito em parceria com as unidades, técnicos de reinserção, as equipes de professores, é um trabalho muito árduo que estamos desenvolvendo desde 2019”, afirma.
Quem abraça a oportunidade e colhe os frutos da educação são internos como Robson Costa, de 40 anos. Ele conseguiu concluir o curso superior pela Febracis Escola de Negócios. Robson garante que ter optado por um novo caminho e ter participado de sete edições do Método C.IS. tem ajudado a modificá-lo “como pessoa, como homem, como filho de Deus”.
“A gente passa a reconhecer o valor que nós temos realmente. Graças a Deus hoje eu consegui alcançar um objetivo na minha vida, que era o meu nível superior. Me formei no curso de coaching e mentoring, mas para mim, isso é só o início de uma trajetória que pretendo seguir adiante em outras áreas quando estiver fora daqui deste ambiente”, finalizou.
Texto:Márcio Sousa / NCS Seap
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