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Uepa recebe Feira da Reforma Agrária no Centro de Ciências Sociais e Educação

Evento integra a programação da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura VI) e seguirá, com produtos diversos, até esta sexta-feira (26)

25/05/2023 16h35
Por: Redação Fonte: Secom Pará
Crédito: Fernanda Martins / Ascom Uepa
Crédito: Fernanda Martins / Ascom Uepa

Frutas e verduras, comidas caseiras e muita vontade de mudar os rumos da politica agrária no Brasil deram o tom da manhã no Campus I, nesta quinta-feira (25). A V Feira de Reforma Agrária, concomitante com a VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura VI) levaram para o campus produtores rurais assentados no Pará e diversos itens cultivados e manufaturados por eles. O evento seguirá até amanhã, no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e é aberto a todos. A programação específica da Jura é voltada para alunos de graduação e pós-graduação.

O evento surgiu com o objetivo de promover dentro da academia o debate acerca da situação da Reforma Agrária popular nos campos social, econômico, político e cultural como formas de reflexão sobre os sentidos e significados da construção dos movimentos sociais em sua dinâmica de construção de um novo processo social.

“O Jura surge em decorrência da relação direta que nós temos com o Grupo de Pesquisa, Movimentos Sociais, Educação e Cidadania (Gmseca). A maioria de nós produzimos dissertações e teses em relação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Então, quando nós trazemos esse debate para o interior da universidade é para que os alunos conheçam o que é o MST e que eles não tenham uma visão enviesada do que esse movimento constrói e de como esse movimento avançou, além do tipo de educação que o movimento constrói no campo”, explicou a professora Marize Duarte, uma das organizadoras da Jura, que define todo este processo de construção do evento como “extremamente prazeroso".

Os trabalhadores que compareceram à feira aproveitaram a oportunidade de vender sua produção diretamente ao consumidor. Há 21 anos lutando no movimento, Antonia Rita Gomes, de 62 anos, conhecida no assentamento da Dempasa como Dona Neta, se mostrou dividida entre a celebração do título da terra, que recebeu do governo em dezembro do ano passado, e a tristeza pelos companheiros que não foram agraciados. “É muito bom receber o título da terra, dá uma tranquilidade, mas muitos de nós que estamos lá nessa luta ainda não receberam. Mas isso não nos impede de produzir. Desde que chegamos lá, tivemos a orientação dos colegas do MST e começamos a plantar. Hoje, somos cinco pessoas em casa, todas vivendo do que produzimos na terra”, contou.

Antes de sair da casa onde vivia com familiares no bairro da Marambaia, dona Neta foi chamada de louca por decidir aderir ao movimento. “As pessoas têm uma visão errada do que faz o MST. Em todo lugar da sociedade tem bandido, mas tem muito mais gente boa e trabalhadora. Nós somos trabalhadores. Para mim, eu vivo num paraíso. Ar puro, muito verde. Estou no lugar que sempre pensei estar”, observa.

Um dos filhos de dona Neta, Alcino Júnior, de 39 anos, também faz parte do assentamento, mas não recebeu titulação. Para ele, o título é menos importante do que as políticas públicas que atendam o trabalhador rural. “O que faz falta mesmo é a falta de inclusão do campesinato nos planos dos governos. Muito se fala sobre inclusão, sobre economia verde e sustentável, mas quase nada do que é criado chega em nós. Se somadas, nossa produção de açaí e de mandioca – que são bases da alimentação paraense – é enorme. Além disso, quando se olha para o campo, tem que pensar que aquelas pessoas não existem apenas para produzir, elas querem viver. Querem estudar, crescer. Falta ainda esse olhar”, ponderou.

Além do Gmseca, participam da organização outros grupos de pesquisa do CCSE, como o Grupo de Pesquisa Educação dos Quilombolas (Eduq), Grupo de Pesquisa em Territorialidade Camponesas na Amazônia (Gpteca) e o Grupo de Estudo e Pesquisa em Pensamento Social e Educacional das Margens Amazônicas (GEPPSEMA). O evento segue até amanhã, 26, e a programação completa da Jura pode ser encontrada aqui.

Texto de Fernanda Martins / Ascom Uepa

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