Voltada à conscientização e prevenção do câncer colorretal, a campanha Março Azul ressalta os cuidados fundamentais para com a saúde do sistema digestório. Alimentação rica em fibras, frutas, legumes, verduras e cereais, e a manutenção de hábitos saudáveis contribuem para a prevenção da neoplasia, que é uma das mais comuns entre a população brasileira.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima o diagnóstico de aproximadamente 46 mil novos casos de câncer colorretal a cada ano do triênio 2023-2025. No ranking entre os tumores malignos mais incidentes, a neoplasia do cólon e reto ocupa o terceiro lugar, ficando atrás apenas do de pele não melanoma (entre ambos os sexos), o de mama (entre mulheres), e o de próstata.
O comerciante de pescado Francisco Monteiro, de 65 anos, é um dos 146 pacientes que tratam este tipo de neoplasia maligna no Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém. Na instituição, que é referência em oncologia, ele passou por tratamentos quimio e radioterápicos antes de ser submetido à cirurgia. Mas, apesar de ter descoberto o câncer há pouco mais de um ano, os sintomas começaram muito antes.
“Durante quatro ou cinco anos tive diarreia constante. Minha esposa pediu para que eu procurasse ajuda, mas demorei, deixei o tempo passar. Hoje sei que não devemos vacilar com a saúde”, reconheceu Francisco, que buscou atendimento após a piora no quadro. Exames de ultrassom transretal (Trus) e a biópsia feita pela colonoscopia, confirmaram o diagnóstico.
Conhecer mais sobre o câncer fez com que Patrícia de Oliveira, de 35 anos, esposa do mercador, atentasse mais para a própria saúde. “Eu já disse que também vou me cuidar. Vou ao médico e farei meus exames, porque quanto mais rápido a gente procura ajuda, mais rápido a gente se recupera”, disse a dona de casa, enquanto celebrava a alta hospitalar do marido e a volta para casa, no município de Bragança, nordeste paraense.
Março Azul
A campanha estimulada pelo HOL é promovida em parceria com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (Sbcp). Segundo as instituições proponentes do Março Azul, as chances de cura chegam a 90%, quando este tipo de câncer é identificado precocemente. Contudo, 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada.
Especialistas e entidades recomendam que, caso haja histórico pessoal de pólipos adenomatosos (adenomas) ou relatos deste tipo de câncer na família, o indivíduo busque atendimento nas Unidades Básicas de Saúde - portas de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS)-, para dar início ao rastreio e ao diagnóstico precoce, favorecendo a cura da doença.
O câncer colorretal pode surgir no intestino grosso e na região final do sistema gastrointestinal. A manutenção de hábitos saudáveis é tão importante quanto a realização do exame de colonoscopia, que contribui para identificação e remoção de pólipos intestinais que possam evoluir para o câncer de intestino.
Dor abdominal frequente, anemia e emagrecimento rápido por causa desconhecida são alguns sintomas que podem indicar o surgimento de alguma lesão no órgão ou o avanço do desenvolvimento da neoplasia. “É preciso ficar atento à alteração do ritmo intestinal. Se o indivíduo tinha o funcionamento intestinal normal e passa a apresentar diarreia ou constipação por longos períodos, deve buscar ajuda médica”, alertou a gastroenterologista e coordenadora do Serviço de Endoscopia e Broncoscopia do HOL, Danieli Batista.
De acordo com a especialista em endoscopia digestiva, a doença é mais comum entre homens e mulheres acima dos 45 anos. Pessoas com diabetes do tipo 2 e histórico de doença inflamatória intestinal também estão nos grupos de risco.
“A partir dos 45 anos, independente dos sintomas, é recomendável fazer a pesquisa de sangue oculto nas fezes, teste de imunoquímica fecal (conhecido como teste FIT) e a colonoscopia, que é um exame seguro e pelo qual identificamos lesões pequenas, que podem ser tratadas, contribuindo para a prevenção do desenvolvimento de lesões potencialmente malignas”, disse a médica.
Danieli ressalta que a prevenção começa com a mudança de hábito e que alguns cuidados podem contribuir para manter a saúde do intestino em dia. “O consumo de bebidas alcoólicas, gorduras, carne vermelha em excesso ou alimentos ultraprocessados, embutidos, defumados e enlatados aumentam os riscos de desenvolvimento da doença. Além disso, obesos, fumantes e até ex-fumantes devem redobrar a atenção. Por isso, mantenha uma alimentação saudável, beba pelo menos dois litros de água por dia e pratique, ao menos, 30 minutos de exercícios físicos diariamente”, recomendou.
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