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Ações em setembro colocam o Alzheimer e outras demências em foco

A doença de Alzheimer afeta mais de 55 milhões de pessoas no mundo, número que poderá triplicar até 2050, segundo a OMS. Com uma população cada vez...

16/09/2022 11h10
Por: Redação Fonte: Agência Dino
Freepik/rawpixel
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A cada três segundos alguém desenvolve um tipo de demência, sendo o Alzheimer o mais frequente, responsável por cerca de 1,2 milhão de pessoas diagnosticadas no Brasil e mais de 55 milhões no mundo. Os dados são do Ministério da Saúde (MS) e da Alzheimer's Disease International (ADI), federação parceira da Organização Mundial de Saúde (OMS); mas há projeções para que esse número triplique até 2050, atingindo cerca de 152 milhões de pessoas.

O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, que acontece em 21 de setembro, traz à tona a necessidade de uma maior percepção das pessoas frente ao tema do envelhecimento e demências. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro já superou a marca de 76 anos, acumulando um acréscimo de 31 anos desde 1940. A Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), organização que visa trabalhar a conscientização sobre doenças crônicas, criou uma nova frente de trabalho com o enfoque no envelhecimento bem-sucedido e planeja diferentes ações de suporte e desmistificação do conceito de saúde após os 60 anos. 

“O projeto vem de encontro ao da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que estimula a promoção para um envelhecimento com mais saúde, ao designar os anos de 2021 a 2030 como a Década do Envelhecimento Saudável nas Américas”, explica Fernando Aguzzoli Peres, jornalista e coordenador do núcleo de Envelhecimento Bem-Sucedido e Demências da CDD. O documento da OPAS detalha possíveis estratégias para a atenção e cuidados à saúde dos idosos. Entre os diferentes pontos, o texto mostra que o ritmo do crescimento do número de pessoas acima de 60 anos vem aumentando principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil. 

"Estamos vivendo mais, e não existe melhor indicador para a forma bem-sucedida com a qual uma sociedade evolui. Porém, precisamos abandonar a imagem de que ter sucesso na forma de envelhecer é estar associado a envelhecer sem doenças ou condições crônicas”, explica ele. Os desafios de lidar com o envelhecimento não se iniciam após o diagnóstico, quando a pessoa já está com um tratamento encaminhado e os cuidadores estabelecidos e sim muito antes disso. De acordo com um dado divulgado pela ADI em 2019, 62% dos profissionais da saúde acreditam que a demência seja parte normal do envelhecimento e uma grande parcela da população não busca orientação devido ao estigma. 

“A ajuda poderia aumentar o tempo e qualidade de vida dessas pessoas. O estigma ainda é muito forte em nossa sociedade, e quanto mais pudermos dar voz a pessoas e famílias vivenciando múltiplas experiências dentro do contexto de doenças como o Alzheimer, mais cedo vamos poder entender os sintomas, buscar e aceitar o diagnóstico, além de planejarmos melhor nosso envelhecimento e a forma como gostaríamos de ser cuidados no futuro", comenta o jornalista.

Segundo ele, devido aos diferentes tipos de preconceitos e desconhecimento sobre o tema, as ações da CDD para trabalhar a conscientização da população possuem o enfoque de mitigar os efeitos negativos de diagnósticos como o Alzheimer. “É possível envelhecer bem mesmo com Alzheimer, e isso passa por ter uma família bem assistida para enfrentar os desafios do cotidiano", comenta Fernando Aguzzoli, que foi cuidador da sua avó Nilva, quando ela recebeu o diagnóstico de Alzheimer. 

Campanha amplia discussão sobre o Alzheimer e demências

Entre as estratégias da CDD para falar da temática, está o lançamento do podcast “Envelhescência”, que fala sobre o processo de envelhecimento associado a desafios como o Alzheimer. Segundo o jornalista, o programa traz um questionamento pertinente: “Será que é possível envelhecer de forma bem-sucedida quando diagnosticado com demência? Bom, e a resposta vem através de diálogos criativos, bem-humorados e informativos com profissionais dos mais diversos campos, além de familiares cuidadores e pessoas que estão passando pelo diagnóstico”, diz. 

Para celebrar a data mundial da patologia, será realizada uma palestra no dia 21 de setembro, às 19h, chamada Alzheimer Não é o Fim, com Fernando Aguzzoli, momento em que ele irá compartilhar a sua experiência como neto cuidador. Em 2023, a caminhada “Walking The Talk for Dementia” vai finalizar o primeiro ano de atuação da CDD na busca por políticas públicas e visibilidade para a Doença de Alzheimer e outras demências. “O projeto global visa trazer pessoas do mundo todo, incluindo pessoas diagnosticadas com Alzheimer, para fazerem juntos o caminho mais famoso dos peregrinos: Santiago de Compostela”, comenta o jornalista.

Outro projeto em andamento é o livro de receitas “Para Não Esquecer”, que traz uma coletânea de receitas familiares em risco de serem esquecidas devido ao diagnóstico de demência. Fernando explica que muitas receitas são responsáveis por trazer à tona lembranças de quando a família se reunia à mesa. “Queremos preservar essas memórias em família, não deixando receitas valiosas em afeto morrerem no tempo”, salienta. As pessoas que se interessarem poderão se inscrever através de formulário para ter sua receita familiar selecionada para o livro.

A ideia do livro de receitas surgiu devido a um temor que existe em familiares e cuidadores. Para o médico geriatra e coordenador do núcleo de Geriatria da Santa Casa de Porto Alegre, Dr. Virgílio Olsen, esse medo de ser esquecido é real em quem convive com o Alzheimer de um familiar. “Por mais que a pessoa não reconheça o rosto e não te chame pelo nome, o amor construído durante uma vida não pode ser apagado pela demência e isso ocorre porque a linguagem afetiva e emocional ainda conecta a pessoa com a demência e seu familiar”, explica.

O médico ainda comenta que o tratamento para a doença de Alzheimer pode aliviar sintomas e diminuir o ritmo de avanço da patologia. “Um diagnóstico precoce tem grande impacto na forma como o Alzheimer será tratado, e no tempo que a família vai ter para entender os próximos estágios, estruturar sua rede de apoio e questionar as vontades da pessoa”, frisa.

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