O transplante hepático vem sendo utilizado como alternativa de tratamento para casos de câncer colorretal que fazem metástase no fígado. O procedimento inovador foi desenvolvido na Noruega e realizado pela primeira vez na América Latina no Hospital São Lucas Copacabana, da Dasa. À frente do projeto esteve a equipe do Dr. Eduardo Fernandes, especialista em transplante de órgãos abdominais e criador do protocolo brasileiro dessa cirurgia.
Segundo o especialista, até então a única opção de tratamento para pacientes com grandes tumores no fígado ou com lesões que não eram possíveis de retirar por cirurgia, era a remoção de parte do órgão – porém, quando o câncer tomava todo o fígado, não havia nada mais a ser feito. De acordo com Eduardo, três em cada dez pacientes de câncer colorretal já estão com a doença presente no fígado quando diagnosticados e, no futuro, outros três irão desenvolver a metástase hepática. Porém, para ser elegível ao transplante o paciente precisa ter operado o tumor colorretal há, pelo menos, um ano; ter lesões metastáticas irressecáveis apenas no fígado e estar com a doença controlada por quimioterapia.
Esperança em meio à busca pela cura
Este foi o caso do empresário Fabiano José de Oliveira Rufino Ribeiro, pernambucano de 47 anos que recebeu parte do fígado do filho mais velho, Fábio Vítor de Oliveira Rufino Ribeiro, de 22 anos. Com cerca de 80% do fígado com lesões causadas por um adenocarcinoma colorretal já operado em sua cidade natal, Fabiano e seu filho entraram no centro cirúrgico no dia 18 de junho para realizar o transplante de fígado intervivos, que durou cerca de sete horas.
“Lembro da voz do Dr. Eduardo em meio aos equipamentos e ele me disse com alegria: ‘Fabiano, sua cirurgia foi um sucesso!’. Meu filho nunca teve dúvidas de que seria o meu doador e eu só posso dizer que tudo no mundo se resume a um ato de amor. Sabia que não seria fácil, mas sempre acreditei na cura”, ressalta Fabiano, emocionado. Pai e filho passam bem e Fabiano já teve alta hospitalar, mas ficará na cidade para consultas e exames de revisão.
Pioneirismo brasileiro
Além de oferecer melhores perspectivas aos pacientes, a cirurgia também coloca o país na vanguarda da cirurgia de transplante de fígado diante dos poucos casos semelhantes no mundo. O protocolo adotado no Hospital São Lucas Copacabana teve a chancela dos médicos noruegueses e todo o processo foi feito em parceria com a Universidade de Oslo. Atualmente, o transplante hepático para tratamento de metástases colorretais só pode ser feito em situações que envolvam protocolos de pesquisa e com doadores vivos.
“A estrutura que utilizamos requer um ecossistema de saúde apto a receber casos de alta complexidade, com uma equipe de hepatologia, oncologia clínica, cirurgia, medicina nuclear e genética e radiologia preparada para oferecer o que há de mais atual na medicina: o Transplant Oncology. É um conceito de tratamento que envolve oncologia, transplante e cirurgia para melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes”, finaliza Fernandes.
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