Durante a pandemia, cerca de 8,2 milhões de profissionais brasileiros viram o ambiente de trabalho mudar de forma drástica. O modelo home office foi responsável por reduzir os impactos causados pela crise global. Apenas no Brasil, 11% da população empregada formalmente começou a trabalhar de casa. Os dados feitos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostraram em números a dimensão de uma das maiores mudanças recentes no mercado de trabalho mundial.
Quase dois anos depois, as consequências dessa mudança podem ser notadas ainda nos dias de hoje. Segundo estudos da Korn Ferry publicados pelo site Infomoney, 85% das 170 empresas entrevistadas afirmam que adotaram o modelo de home office em suas operações.
“No início da pandemia compilamos algumas tendências adotadas por destinos e empresas do mundo todo. Na época, vimos surgir novos conceitos no mercado de viagens, como o long stay, termo que se refere a viagens de longa estadia ou o anywhere office, para pessoas que montam o escritório em qualquer lugar”, afirma Gustavo Albano, editor no Guia Viajar Melhor e cofundador da MediaTouris, travel tech participante da WTM Latin America.
A demanda do público por viagens mais longas fez com que diversas marcas como Airbnb, Accor Hotels, Bourbon Hotéis e Resorts, entre outras, incluíssem em suas páginas de vendas tarifas especiais para reservas de longa duração. Este formato ainda está disponível e também busca atender o perfil de viajante que está trabalhando na modalidade home office, mas ainda assim quer viajar.
Todas essas mudanças prometem permanecer mesmo depois da pandemia, segundo levantamento da Korn Ferry. O estudo da empresa de consultoria apontou que 78% das empresas confirmam que todos os funcionários trabalharão sob o regime híbrido e/ou remoto, ainda numa fase mais controlada da pandemia.
Segundo Fernando Guimarães, este modelo irá permanecer por mais tempo. "Os números surpreenderam: 85% das empresas é um grupo significativo. E nas conversas com os setores de RHs, o modelo veio para ficar”, afirma Guimarães, que é diretor da área de estratégias organizacionais da Korn Ferry aqui na América do Sul.
Esse assunto também se torna cada vez mais comum no mercado de viagens. A feira de turismo da América Latina, a WTM Latin America foi retomada no primeiro semestre de 2022, depois de dois anos sem encontros presenciais. Durante o evento, as tendências do turismo, os desafios e as novas formas de atender o viajante pós-pandemia foram temas presentes durante os três dias de feira.
Antes mesmo da pandemia se instalar em todo o mundo, alguns países já entendiam a importância de repensar os modelos de trabalho e as cargas horárias excessivas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Alguns empresários e governantes testam jornadas de trabalho de quatro dias, reduzindo os turnos semanais. Isso já virou realidade em alguns países como na Bélgica, Islândia, Alemanha e Nova Zelândia, quando lideranças locais começaram a testar semanas mais curtas para os trabalhadores, segundo publicação da Forbes.
Entre os inúmeros objetivos desta mudança, um deles é fazer com que as pessoas possam ter cada vez mais qualidade de vida, além de poder viajar mais e conhecer mais lugares, aquecendo também o mercado de turismo.
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