Tontura, desequilíbrio e vertigem são queixas de saúde comuns da população idosa, que soma mais de 32 milhões de pessoas no País, segundo o IBGE. E quanto mais avançada a idade, maior é a prevalência desses sintomas, alerta a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Estudos brasileiros indicam que 45% dos idosos convivem com a tontura e que pelo menos 80% das pessoas acima de 75 anos já tenham vivenciado algum episódio do tipo.
Para chamar a atenção para a necessidade de idosos investigarem e tratarem o problema, a ABORL-CCF promove, de 22 a 26 de abril, a Semana da Tontura, com o tema “Tontura é coisa séria: equilíbrio na terceira idade”. O evento marca o Dia Nacional da Tontura, celebrado dia 22 deste mês.
Dr. Márcio Salmito, presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia, braço acadêmico da ABORL-CCF, destaca que sensações de desequilíbrio e sentir que se está flutuando ou que o ambiente ao redor está girando, não devem ser menosprezadas. A alteração no equilíbrio corresponde a 85% das causas de quedas de pessoas com 65 anos ou mais, conforme pesquisas médicas.
“A tontura piora a qualidade de vida em qualquer idade, mas o que mais preocupa em relação a esse quadro em idosos é provocar quedas. Esse tipo de acidente é a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil, segundo Ministério da Saúde. Além disso, o número de mortes de idosos tendo como consequência a queda praticamente duplicou entre 2013 e 2022”, revela o médico.
O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, divulgado em 2023 pelo Ministério da Saúde, indicou que a prevalência de quedas na população idosa brasileira em áreas urbanas é de 25%. No mundo, 3 milhões de idosos são tratados todos os anos em serviços de emergência devido a lesões causadas por quedas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência americana referência na condução de pesquisas e combate a diversas enfermidades.
As causas
A tontura pode estar presente em mais de 60 tipos de doenças e afeta aproximadamente entre 15% e 20% da população global, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Entre os idosos, o sintoma pode aparecer devido a problemas no sistema vestibular (do labirinto), como a doença de Menière, doenças emocionais e psicológicas, como a ansiedade e depressão, e alterações cardiovasculares, como arritmias e até mesmo infarto, segundo a Academia Brasileira de Otoneurologia.
Ainda podem provocar tontura: alterações da visão, como o glaucoma; problemas metabólicos, como diabetes; e doenças neurológicas, a exemplo de traumatismo craniano, Parkinson e esclerose múltipla. “A tontura também pode ser um efeito colateral devido ao uso excessivo de fármacos, principalmente em quem faz uso de várias classes de medicamento e de forma contínua”, complementa Salmito.
Diagnóstico e tratamento
Entender a origem da tontura nem sempre é uma tarefa simples e dependerá de uma ampla avaliação do histórico clínico do paciente para descobrir o fator principal por trás das crises. Até mesmo o significado da palavra tontura, para diferentes pacientes, pode ser difícil de descrever, conforme relatam os médicos.
“Muitas pessoas erroneamente chamam o sintoma tontura de labirintite, sem perceber que existem diversas outras doenças possíveis. Por esse motivo, é crucial consultar um especialista, pois ele possui a expertise necessária para avaliar detalhadamente e solicitar exames apropriados,” esclareceu o especialista.
De acordo com o profissional, em algumas situações, é necessária a realização de exames de sangue, de imagem e testes vestibulares (do labirinto) e auditivos, entre outros recursos. O tratamento pode incluir medicações, mudanças de hábitos, terapias de reabilitação e manobras específicas.
“A população idosa está crescendo e vivendo mais. Por isso, é fundamental uma melhor compreensão dos distúrbios de equilíbrio desse grupo, garantindo conhecimento, acessibilidade e tratamento para que se obtenha qualidade de vida, independência e autonomia a este que tende a se tornar majoritário em nosso país,” finaliza o presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia da ABORL-CCF, Márcio Salmito.
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