Várias iniciativas que buscam apresentar novos caminhos para internos do sistema penal paraense foram destaques, nesta quinta-feira (7), durante a “II Mostra de Reinserção Social”, fruto da parceria entre a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA). Mais de 140 integrantes de projetos de reinserção das casas penais da Região Metropolitana de Belém (RMB) e de Abaetetuba, na Região de Integração Tocantins, expuseram no auditório Maria Lúcia Gomes Marcos dos Santos, no Anexo I do edifício-sede do Poder Judiciário, as boas práticas realizadas dentro do cárcere. Desfile da coleção produzida pelas internas da Coostafe
As principais atividades apresentadas foram em marcenaria, corte e costura, artesanato, confecção de sandálias e corais. O objetivo foi demonstrar o potencial das atividades de educação, trabalho e renda.
“A remissão de pena pela leitura, alfabetização pelo método do Instituto Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema), as oficinas de trabalho, todos são a base para reinserção. O primeiro evento foi em janeiro, e a gente também trouxe essas mesmas atividades e algumas unidades produtivas, como a marcenaria, a produção de uniformes e a produção de sandálias, demonstrando realmente todo o fluxo, todo o processo produtivo dentro do sistema carcerário paraense”, informou Gérson Santos, assessor de projetos da Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap.
Ele ressaltou ainda a importância de eventos como esse, com parceiros que acreditam na reinserção como ferramenta de ressignificação pessoal e social. “Essa mostra laboral é um uma parceria com o Tribunal de Justiça, e isso demonstra como o Poder Judiciário está atuando junto com a Administração Penitenciária, por meio da Vara de Execuções Penais da Região Metropolitana de Belém”, acrescentou Gérson Santos.
A programação contou com apresentações dos corais, regidos por membros das instituições religiosas parceiras da Seap, e que oferecem auxílio religioso nas unidades penais. O encerramento da programação contou com desfile de moda da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), o principal “case” da Seap na área de reinserção. As cooperadas lançaram no “Amazônia Fashion Week”, em novembro, uma coleção inspirada nas palmeiras da Amazônia, e realizaram novamente o desfile com as peças, finalizando a programação.
Boa vontade - O evento contou com as participações da desembargadora Rosi Maria Gomes de Farias; do defensor público Márcio da Silva Cruz; do pastor Samuel Câmara, presidente da Igreja Assembleia de Deus em Belém; do corregedor-geral de Justiça do Pará, desembargador José Roberto Pinheiro Maia Bezerra Júnior, e de familiares das pessoas privadas de liberdade.
“Esta mostra evidencia e comprova a recuperação, que passa por uma questão muito simples: a boa vontade do Estado em proporcionar meios para que seja possível, e boa vontade do recuperando em querer aproveitar esta oportunidade. E para que esta boa vontade se concretize, se faz necessário um esforço de cada um dos agentes envolvidos. O principal esforço é do recuperando; é a vontade de reescrever sua história. Todos nós cometemos erros, e muitas vezes tomamos decisões infelizes em nossas vidas. Mas elas são momentos, e não nos definem como seres humanos”, frisou o desembargador. Apresentação de coral regido por membros de instituições parceiras
Apoio familiar- O juiz titular da Vara de Execuções Penais da Região Metropolitana de Belém, Deomar Alexandre de Pinho Barroso, falou sobre o apoio da família ao interno. “Temos que enxergar no encarcerado um irmão que perdeu a liberdade, mas não perdeu a dignidade; continua sendo homem e mulher, e merece a minha compreensão”, disse o juiz.
Cursando Administração, o monitor da biblioteca da Unidade de Custódia de Reinserção (UCR) de Abaetetuba, Rodrigo Louzada, detalhou os ciclos vividos para “poder alcançar a mudança”. Rodrigo contou ainda que precisou de autoconhecimento para entender as mudanças que precisava fazer. “Qualquer pessoa possui poder para transformar sua vida, basta que queira e se conscientize disso. Nos mais de oito anos que estou privado de liberdade, temos realizado e alcançado metas antes não obtidas. Alfabetizamos vários iletrados com o Projeto Tempo de Ler, preparamos os internos para as avaliações do ensino fundamental, preparatório para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Em tudo obtivemos grande aproveitamento”, informou.
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