As Vozes da Diversidade, Inclusão e da Baixada agitaram o segundo dia da Festa Literária de Santarém. No palco Multivozes, Keké Bandeira e Cleiciane Reis participaram do papo-cabeça com o tema "Literatura acessível, também quero: ferramentas e inovações para a inclusão", que iniciou às 15h desta quinta-feira (30), com mediação de Luane Fróis, professora de filosofia na educação básica. Na ocasião, as convidadas reforçaram a importância da leitura para construção de conhecimento, lazer, trabalho, entre outros, e também nas dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência no acesso aos conteúdos escritos de forma tradicional.
Cleiciane Reis é pedagoga especialista em práticas inclusivas e libras, atua no atendimento educacional especializado há 15 anos, já desenvolveu diversos projetos de inclusão no ensino básico e superior. "Esse é o momento de aproveitarmos para falar sobre literatura acessível e de fato se envolver no assunto, buscar contato com as pessoas que têm deficiência, usar as redes sociais também para isso, um espaço para colocar as pessoas com deficiência como protagonistas, e falar sempre porque se esses conhecimentos ficarem guardados não conseguimos avançar na garantia de acessibilidade, de direitos para essas pessoas", disse a pedagoga, que apresentou no evento alguns exemplares de materiais didáticos produzidos por ela, como livros didáticos para ensinar a Língua Brasileira de Sinais.
As convidadas aproveitaram o momento para interagir com as crianças na plateia, demonstrando alguns sinais em libras.
"Acho o tema muito interessante, especialmente porque eu trabalho com mediação de uma criança autista e comecei a identificar a dificuldade de achar literatura pra esse público, é muito difícil encontrar livros que já estejam adaptados pra essas crianças. Ainda tem essa dificuldade no mundo editorial, de produzir textos que sejam acessíveis pra todas as crianças", conta a acadêmica do curso de educação do campo do IFPA, Ana Beatriz Martins.
A multiartista com deficiência física, ativista Pcd, Keké Bandeira, também é assessora de acessibilidade, pesquisa o tema e atua no cenário cultural de Santarém, falou sobre a contribuição da arte para acessibilidade. "A experiência no teatro reduziu esse espaço de violência que vivi na escola porque eu aprendi a falar em público, a ter protagonismo. As artes são uma forma da gente conseguir, primeiro, ensinar as pessoas sobre as diferenças de corpos e de mentes, mas também conseguir que as pessoas que têm acesso às artes no geral, a escrita ao teatro, ao cinema, possam ter a autoestima de se demarcar enquanto pessoa com deficiência como algo não diminuído".
Keké ainda reforça que "quando temos um material que abrange a diversidade, conseguimos caminhar no sentido de dizer que a dificuldade não é no espaço escolar em si, mas as pedagogias que não nos colocava enquanto seres pensantes, e quando você passa a entender pessoas com deficiência como pessoas revestidas de direitos, que podem ser grandes escritoras, cineastas, dramaturgas, você também tá apoiando o campo político de dizer que nós importamos, que nossas vidas importam".
Durante o dia também houveram discussões como Diversidade Cultural e Literária; Cotidianos da Metrópole e Cultura Periférica. A Festa Literária de Santarém vai até o próximo domingo, 3, das 9h às 21h, no Centro de Convenções de Santarém Sebastião Tapajós.
Texto: Juliana Amaral, Ascom Secult
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