A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reafirmou nesta sexta-feira (12), no Rio de Janeiro, a importância da vacinação contra a gripe em todas as faixas etárias, e não apenas nos grupos prioritários, devido ao aumento de casos de Influenza no país.
“Isso se amplia no período de inverno que nós estamos entrando e a possibilidade da vacinação significa uma proteção, até porque, em alguns casos, temos complicações devido à gripe. Por isso, recomendamos a vacinação a partir de seis meses de idade”, disse a ministra, após participar da posse do presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mario Moreira.
A vacina da gripe já chegou a 30% em cobertura no país, mas Nísia admitiu que a vacinação está aquém do que precisa, apesar do esforço do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde, em especial as secretarias municipais, “porque é na atenção básica que a vacina é aplicada”.
Para aumentar o índice de imunização, ela disse ser necessário um trabalho conjunto entre governo e sociedade. “Nós estamos trabalhando junto com cada gestor municipal, estamos envolvendo agentes comunitários de saúde e vamos fazer ações in loco, principalmente nos municípios que estão com baixa cobertura, para tentar ampliá-la”.
“Nós estamos estudando como melhorar isso [vacinação]. Já temos várias ações em curso, principalmente de busca ativa da população, para que ela possa ser vacinada”, disse.
A imunização contra a gripe começou em abril, na Região Norte, mas é preciso intensificá-la, afirmou Nísia Trindade.
Em relação à cobertura da vacinação indígena, que atingiu em torno de 16%, com destaque para a população Yanomami, onde os casos de síndrome gripal já são o dobro do ano passado, com casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) quase alcançando o nível de 2022, a ministra esclareceu que foi feita uma vacinação específica para os povos indígenas, uma multivacinação. “Muita preocupação também não só com a vacina contra a covid-19, mas vacinas para as chamadas doenças da infância, com aumento de casos de sarampo e preocupação com a pólio”. De acordo com a ministra, a campanha foi intensificada e terá continuidade.
O Programa Nacional de Imunizações completa 50 anos este ano. “São 50 anos de muito êxito e, principalmente nos últimos quatro anos, de grande preocupação, porque perdemos a luta da cobertura de vacinas que já era uma parte mais do que normalizada. Ou seja, não era um problema. Todas as famílias levavam suas crianças para vacinar contra a pólio, contra sarampo, contra rubéola. Isso já era uma prática que não veio do nada”.
Ela lembrou que graças às campanhas de imunizações, o Brasil conseguiu erradicar a varíola. “Isto significa que não tem circulação do vírus em nenhuma região do país”.
Disse ainda que na década de 1970 foi conseguido sucesso também em relação à meningite, a pólio, que havia sido eliminada da região das Américas e que, infelizmente, voltou”.
Segundo a ministra, esses são alertas para que seja feito um movimento nacional envolvendo todos os níveis de governo e a sociedade, com o objetivo de recuperar essas coberturas. “É nesse processo que nós estamos. Sabemos que a reversão não será rápida, porque houve muita campanha contra a vacina e, também, muita mudança na sociedade. Doenças que deixaram de ser ameaça não geram a visão de que é preciso que as pessoas se protejam. Por isso, disse que não pode haver uma atitude passiva. Estamos montando muitas estratégias, busca ativa, envolvendo as escolas, festas populares, ações em todas as áreas de governo. Não fazemos da vacina um evento só da saúde”.
Nísia Trindade disse que existem estudos que explicam a baixa cobertura vacinal. E um dos motivos para isso, segundo ela, são as fake news, ou notícias mentirosas, “fator fundamental a ser combatido”.
Essas notícias mentirosas são criminosas, na avaliação da ministra, e muitas vezes “propagadas por médicos que ferem o código de ética, falando de mortes por vacina, alegando pesquisas que não têm nenhuma base”.
A saúde é um dos casos que têm de ser vistos com muita atenção no Projeto de Lei das Fake News, alertou.
A ministra defendeu a necessidade de ampliar a oferta de horários e de locais de vacinação e de encarar a questão como um problema que se formou e não como um problema de rotina. Para a ministra, os agentes comunitários de saúde têm papel fundamental nesse processo, indo até as famílias, às casas.
“Terá de ser uma grande mobilização nacional” para ampliar a cobertura vacinal no Brasil, disse Nísia Trindade.
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