O maior desastre aéreo da história da Coreia do Sul ganhou um novo capítulo recentemente. Segundo uma investigação sul-coreana, os pilotos do voo Jeju Air 2216 desligaram o motor errado após a aeronave colidir com aves pouco antes do pouso no Aeroporto de Muan, em 29 de dezembro de 2024. O erro teria contribuído para a queda do Boeing 737-800, que matou 179 dos 181 ocupantes a bordo.
Uma apuração conduzida pelo Conselho de Investigação de Acidentes de Aviação e Ferrovias da Coreia do Sul (ARAIB) revelou que os pilotos do voo da Jeju Air desligaram o motor menos danificado, o do lado esquerdo, em vez do mais comprometido, localizado à direita, durante procedimentos de emergência logo após uma colisão com pássaros.
Segundo a agência Reuters, evidências incluem registros do gravador de voz da cabine, dados do sistema de bordo e um interruptor de motor encontrado entre os destroços em maio. Os dados indicam que o motor esquerdo foi desligado por engano, mesmo estando em melhores condições que o direito, que permaneceu operando.
“A equipe de investigação tem evidências claras e dados de apoio, portanto, sua conclusão não mudará”, disse à Reuters uma fonte envolvida na investigação, sob anonimato, já que o relatório oficial ainda não foi divulgado.
A tragédia, que resultou em apenas dois sobreviventes entre os 181 passageiros e tripulantes, ocorreu quando o avião ultrapassou a pista durante um pouso de emergência e colidiu com um muro próximo a um local que abrigava equipamentos de navegação, causando um incêndio seguido de explosão parcial.
O relatório preliminar de janeiro já havia apontado a presença de restos de patos nos dois motores. No entanto, a recente atualização, compartilhada com familiares das vítimas em uma coletiva no último sábado, afirma que o motor direito sofreu danos significativamente maiores.
O ARAIB planejava divulgar uma atualização pública sobre o andamento da investigação, mas recuou após pressão das famílias. Representantes legais dos parentes das vítimas alegam que o conteúdo da minuta dava a entender que o erro dos pilotos foi o único fator causador do acidente, sem considerar falhas estruturais, organizacionais ou operacionais.
Em nota, os advogados alertaram que “todas as causas do acidente devem ser examinadas com rigor técnico” e que a apresentação feita aos familiares poderia ser interpretada como uma conclusão final, algo que contraria os princípios das investigações internacionais de acidentes aéreos.
O sindicato dos pilotos da Jeju Air também contestou a conduta do ARAIB, acusando a agência de “enganar o público” ao sugerir que o motor esquerdo não apresentava problemas, mesmo com a presença de restos de aves nos dois motores. A entidade criticou o que chamou de tentativa de transformar os pilotos em “bodes expiatórios”.
“Os investigadores não apresentaram qualquer dado técnico que comprove que o pouso teria sido seguro apenas com o motor esquerdo em funcionamento”, afirmou o sindicato, acrescentando que o relatório ignora completamente possíveis falhas organizacionais da companhia aérea e da infraestrutura do aeroporto.
O avião ultrapassou a pista e colidiu com um muro que separava a área de pouso de uma instalação de equipamentos de navegação, o que provocou um incêndio e uma explosão parcial. Segundo especialistas em aviação citados por veículos sul-coreanos, essa estrutura pode ter contribuído para o número elevado de vítimas.
A Jeju Air afirmou estar colaborando com a investigação conduzida pelo ARAIB e aguarda a conclusão oficial do processo. A Boeing, fabricante da aeronave, encaminhou os questionamentos para as autoridades sul-coreanas. A CFM International, responsável pelos motores, ainda não se manifestou.
Conforme as normas internacionais, o relatório final deve ser divulgado até dezembro de 2025, um ano após o acidente.
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