O advogado Lee Jae-myung, 61, ex-operário de fábrica, foi eleito presidente da Coreia do Sul na votação desta terça-feira (3). Com todos as cédulas contabilizadas, Lee, candidato do oposicionista Partido Democrático, recebeu 49,4% dos votos, enquanto Kim Moon-soo, do governista Partido do Poder do Povo, teve 41,1%,
Perto da meia-noite no horário local (meio-dia de Brasília), já com três redes de TV projetando sua vitória, Lee surgiu diante de sua residência e afirmou: "Se este resultado for confirmado, gostaria de expressar meu respeito pela grande decisão do público. Farei o meu melhor para cumprir a grande responsabilidade e missão e não decepcionarei as expectativas do público. Obrigado".
Lee disse ainda que vai buscar diálogo e paz com a Coreia do Norte, ditadura comunista comandada por Kim Jong-un -os dois países nunca assinaram um acordo formal de paz, e o status quo é regido por um acordo de armistício que data de 1953. O novo presidente deve ainda buscar reaproximação com a China.
Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, a participação nas urnas foi de 79,4%, o que representa 2,3 pontos acima da eleição de 2022 e a maior em 28 anos. Na noite de terça em Brasília, manhã de quarta em Seul, Lee foi confirmado como vencedor das eleições pela comissão.
O pleito põe fim a meio ano de crise institucional, iniciada na tentativa de autogolpe do ex-presidente Yoon Suk-yeol, que decretou lei marcial e suspendeu a Assembleia Nacional em 3 de dezembro passado. Em discurso, Lee disse que sua primeira missão será "superar a insurreição e assegurar que nunca mais haja um golpe militar com armas e espadas voltadas contra o povo".
Em resistência liderada por Lee, que está no segundo mandato como parlamentar, o Legislativo derrubou o decreto horas depois e, passados dez dias, votou pelo impeachment de Yoon. "O povo proferiu um julgamento estrondoso contra o regime insurrecionista", declarou o líder em exercício do Partido Democrático, Park Chan-dae, na rede KBS.
Yoon e sua mulher, cuja investigação por corrupção foi um dos motores dos protestos por impeachment há seis meses, mantiveram-se no foco durante a campanha eleitoral e voltaram a chamar a atenção nesta terça, ao votarem juntos.
O ex-presidente chegou a anunciar sua saída do PPP, há pouco mais de uma semana, no que foi visto por analistas como uma tentativa de elevar as chances de Kim Moon-soo, que foi ministro de seu governo.
Como presidente, Lee deve pregar o pragmatismo nas relações com a China, maior parceiro comercial, mas também defender a aliança com os Estados Unidos, maior aliado militar, como base da política externa sul-coreana.
Lee terá que lidar também com a negociação com o governo Donald Trump, que impôs tarifas sobre os produtos do país, suspensas temporariamente até o dia 8 de julho. A expectativa é que, como indicou na campanha, ele aguarde outras negociações, de países como o Japão.
O impacto das tarifas americanas levou a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a reduzir a projeção de crescimento da Coreia do Sul neste ano para 1%, como divulgado na própria terça, em comparação com uma projeção de 2,1% em dezembro. As exportações do país caíram 1,3% em maio, em comparação ao mesmo mês de 2024.
Antes mesmo de Trump, a economia vinha mal e pesou na eleição, segundo Park Chan-dae, do Partido Democrático. "O apoio a Lee reflete o desejo público de se recuperar da economia descontrolada e do colapso dos meios de subsistência, que pioraram nos três anos sob o governo de Yoon", disse ele.
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