Em pouco mais de dois anos, entre 2023 e os primeiros meses de 2025, a Receita Federal apreendeu quase 3.900 quilos de entorpecentes na região metropolitana de Belém. O volume representa um prejuízo estimado de R$ 1 bilhão ao crime organizado, segundo José Ricardo Valente, chefe substituto da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal.
A principal droga interceptada foi a cocaína, com cerca de 2.900 quilos apreendidos no período - o equivalente a R$ 747 milhões em perdas para o tráfico. Além disso, foram retirados de circulação outros entorpecentes, como haxixe, skunk (variedade mais potente da maconha, conhecida como supermaconha), unidades de ecstasy, MDMA (substância base do ecstasy) e maconha comum.
Para intensificar as ações de combate ao tráfico, a Receita conta com o apoio essencial de agentes caninos. Até recentemente, a cadela Isa, de cinco anos, era a principal parceira nas operações. Agora, o time ganhou reforço com a chegada de Conan, de três anos. Ambos os cães vieram de Vitória, no Espírito Santo, onde funciona o centro de treinamento especializado da Receita Federal para cães farejadores. E são da raça pastor belga. “Nossos agentes caninos atuam em toda a região metropolitana de Belém, inclusive nos portos e aeroportos de nossa região - porto de Barcarena, Aeroporto Internacional de Belém. Eles atuam tanto em operações já planejadas quanto em ações corriqueiras com outros órgãos - Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal. Temos essas ações conjuntas”, contou.
Até então, as operações eram realizadas com a participação apenas da agente canino Isa. Agora, tem o reforço de Conan. “O cão é mais uma das ferramentas que a Receita Federal possui. Além da nossa equipe de agentes caninos, temos uma equipe de agentes que fazem seleção, estudam todo o procedimento, toda essa rota de tráfico de drogas que tem aqui na região. O cão vem pra somar mais ainda nessa nossa atuação”, afirmou.
Ainda segundo José Ricardo, a Receita Federal tem um centro nacional de seleção, que fica em Brasília, e tem uma ação conjunta com todos todas as regiões fiscais – norte, sul, sudeste. "Então há uma troca de informações, de inteligência, e que nos direcionam. Sabemos que a nossa região é muito vasta, um território muito grande. Então a gente tem que pelo menos ter um direcionamento. Essa equipe é formada por servidores altamente instruídos, com cursos internacionais, e que fazem esse tipo de seleção", explicou.
Perguntado se, de 2023 até agora (2025), houve alguma mudança no perfil dos criminosos para tentar burlar a fiscalização, José Ricardo respondeu: "É aquele jogo de gato e rato. Eles sempre costumam se aperfeiçoar nesse tipo de tráfico. Contudo, os nossos cães são muito bem treinados. Então é muito difícil passar despercebido. A gente encontra drogas inseridas em pedras de mármore, em espumas expansivas que não passam desapercebidos para os nossos cães. Os nossos cães conseguem detectar e indicar com precisão",
Recentemente, os agentes da Receita Federal apreenderam drogas em bebedouros. "É incrível que, apenas com um passar dos nossos cães, eles já conseguem direcionar e indicar que tem algo na naquela tem algo naquela situação. Isso dá uma segurança a mais. Porque tem situações em que (a droga) fica no interior de automóveis, embarcações. E você sabe que, para você tentar abrir esses compartimentos, é muito complicado. Então, quando cão indica, a gente já tem certeza de que pode abrir que a gente vai encontrar alguma coisa", disse José Ricardo.
A atuação do cão é importante, mas o papel do agente também é fundamental. "É uma parceria. Na verdade, é uma dupla que não tem como você desvincular o nosso agente canino do nosso servidor. É de suma importância essa interação entre os dois. O cão já percebe e já fica mais seguro quando tem um servidor que lhe dá segurança, vamos dizer assim apoio até emocional. Fica tranquilo durante as buscas. Então, isso faz muita diferença", afirmou.
José Ricardo afirmou que os cães usados pelos agentes da Receita Federal não são treinados para o ataque. "Só são treinados para busca. É muito importante que, na nossa seleção de cães, encontrem animais que não têm esse instinto agressivo. A intenção da Receita é simplesmente encontrar os entorpecentes. Então essa interação entre o cão e seu guia é de suma importância pra gente ter um trabalho bem realizado e sem transtorno", contou. Dessas operações recentes, houve alguém que chamou a atenção de vocês assim pelo pela audácia, pelo inusitado?, quis saber o repórter. "Teve essa dos bebedouros. Em embarcações também. Aqui na região de Barcarena, tem uma presença muito grande de agentes criminosos que tentam camuflar o máximo possível os entorpecentes. A habilidade (dos cães) é muito grande. Conseguem subir em contêineres, rastejar em locais que a gente não conseguiria. Então isso é é fator essencial na busca de entorpecentes", destacou.
Ele também explicou que a Receita Federal sempre tem essa necessidade de ficar se aprimorando, até porque o próprio tráfico de drogas se aprimora. "Essa busca incessante de novas técnicas, novos cães. Tem cães que são próprios para busca em aeroportos, outros em estradas, rodovias, outros em áreas de selva. A gente sempre tem que ter essa noção de qual tipo de cão é mais necessário para esse ou para aquele tipo de busca", disse. "A Receita Federal está empenhada em contribuir para o combate ao tráfico de drogas e que sempre atentos e dispostos a atender a todas as forças nacionais de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal. Acho que é de suma importância essa interação entre os órgãos pra tentar coibir ao máximo o tráfico de drogas. A Receita está investido muito. Tem uma equipe muito bem preparada, muito bem treinada e que está de prontidão pra atender a nossa região, não só aqui no Pará como toda a região Norte", garantiu.
Para a população poder colaborar com o trabalho dos agentes, há os canais de denúncias. "Se observar alguma movimentação suspeita, principalmente em depósitos, embarcações... Nossa região é muita vasta. Regiões ribeirinhas. Se você vir aquelas embarcações sendo carregadas durante a madrugada. Isso aí é suspeito. Então podem entrar em contato com a gente, com a Polícia Federal", disse.
A Receita Federal utiliza agentes caninos treinados para detectar drogas. Atualmente, conta com a ajuda de dois cães:
- Isa: 5 anos de idade
- Conan: 3 anos de idade, recém-adicionado à equipe
Os criminosos estão sempre se adaptando para burlar a fiscalização, mas os agentes caninos são treinados para detectar drogas em locais criativos, como:
- Bebedouros industriais
- Embarcações
- Automóveis
A Receita Federal incentiva a população a colaborar com denúncias de movimentações suspeitas, especialmente em:
- Depósitos
- Embarcações
- Regiões ribeirinhas
Para fazer denúncias, a população pode entrar em contato com a Receita Federal ou a Polícia Federal.
Dia 20 de março:
A Receita Federal apreendeu 48 kg de skunk, conhecida como "supermaconha", em uma transportadora que fica em Marituba, na região metropolitana de Belém. A droga estava escondida dentro de bebedouros industriais e foi possível de encontrar com o apoio da agente canina Isa. Segundo a Receita Federal, com base na pesquisa e gerenciamento de risco foi realizado monitoramento de uma carga oriunda de Manaus, capital do Amazonas, com destino a Fortaleza, no Ceará. Assim que a mercadoria chegou em uma transportada em Marituba, os agentes a fiscalizaram.
A Receita Federal apreendeu cerca de 35 quilos de skunk (droga conhecida como supermaconha), no município de Ananindeua, na região metropolitana de Belém. O entorpecente estava em duas encomendas tipo Sedex, procedentes de Campo Grande (MS) e com destino a Parauapebas, no sudeste do Pará.
A apreensão ocorreu na tarde de segunda-feira (16), no Centro de Distribuição dos Correios em Ananindeua. A mercadoria estava armazenada em tabletes formados por várias camadas de material plástico, filme PVC, balões de festa, sendo ainda adicionado pó de café entres as divisões. A ação foi conduzida pela equipe K9 da Alfândega de Belém, Direp02 (Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho) e Correios. A descoberta do material foi feita por meio de indicação da agente canina Isa.
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