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Brasil BALEADA PELA PRF

Família de jovem baleada por PRF pede pensão provisória à Justiça

Atingido por tiro na mão, pai de Juliana Rangel não pode trabalhar

08/01/2025 06h28
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
Juliana permanece internada no CTI do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (Reprodução)
Juliana permanece internada no CTI do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (Reprodução)

A família de Juliana Leite Rangelbaleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal (24), pleiteia na Justiça uma pensão provisória para que possa se manter financeiramente. O pai da jovem de 26 anos, Alexandre Rangel, é mecânico e trabalha por conta própria, mas não está conseguindo desenvolver suas atividades porque também foi baleado, na mão esquerda.

“Tomei um tiro na mão. Não estou em condições de trabalhar. E tem o [motivo] psicológico também”, relata Alexandre em um vídeo publicado no perfil do Instagram da outra filha, Jéssica Rangel, irmã de Juliana.

“Está acabando o dinheiro. Tenho despesas todos os dias aqui [no hospital] com lanche e comida”, completa o pai, que visita Juliana diariamente no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Segundo Jéssica, a família não recebe nenhuma ajuda financeira da PRF.

O advogado da família, Ademir Claudino, afirmou à Agência Brasil, nesta quarta-feira (7), que já pleiteou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) um benefício de auxílio por incapacidade temporária, uma vez que o mecânico tinha condição de segurado, benefício que ele bancava por conta própria.

“Contudo, tal solicitação se encontra em análise”, relata. “Estamos requerendo uma pensão provisória na Justiça Federal, enquanto persistir a incapacidade do Alexandre e da Juliana”, revelou o advogado.

Segundo Claudino, Alexandre passará por uma reavaliação da equipe médica na quarta-feira (8) para saber se há necessidade de realizar um procedimento cirúrgico. “Havendo necessidade, será acrescida tal informação aos requerimentos”, adiantou.

Juliana trabalha como agente de saúde do município de Belford Roxo, na fica na região metropolitana. O advogado também fez requerimento para que ela receba o benefício de auxílio por incapacidade temporária.

Resposta da PRF

Procurada pela Agência Brasil, a PRF informou no fim do dia que, desde o dia da ocorrência, oferece acolhimento aos familiares de Juliana Leite Rangel por intermédio do Escritório Regional de Direitos Humanos.

“A instituição também disponibiliza auxílio logístico para os deslocamentos necessários à família, além de ofertar apoio psicológico”, completa a nota.

“A PRF permanece à disposição dos familiares para, dentro dos limites legais, avaliar toda e qualquer nova solicitação de apoio”, finaliza.

*Matéria atualizada às 21h para acréscimo de informações da PRF.

Estado de saúde

Juliana Rangel segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela está lúcida, consegue movimentar os quatro membros e apresenta melhora progressiva diária, segundo a direção da unidade.

“Está recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis, já sendo iniciado processo de reabilitação”, informa o boletim médico do dia 6.

O avanço mais recente no quadro de Juliana, que respira com ajuda da traqueostomia (procedimento cirúrgico que consiste em criar uma abertura na traqueia/garganta para que o paciente possa respirar) é a retirada definitiva do suporte da ventilação mecânica.

Atualmente a paciente realiza fisioterapia respiratória sem auxílio de aparelhos. No fim de semana, ela ainda precisava da ventilação mecânica por alguns períodos. No entanto, ainda não há previsão de alta do CTI.

“Minha irmã está a cada dia melhor, graças a Deus”, disse Jéssica à Agência Brasil. “Ontem (6) ela estava com um pouco de falta de ar, só que os médicos falam que é normal, tem que botar o pulmão para trabalhar”, detalhou. A expectativa da família é que Juliana possa respirar sem a traqueostomia ainda esta semana.

“Para ela conseguir falar mesmo, sair a voz dela. Ela fica, às vezes, ansiosa, querendo falar, e a gente tem que ficar lendo os lábios dela para poder entender”, descreveu Jéssica, seis anos mais velha que a irmã. “Às vezes eu não entendo, até pedi desculpa a ela”, relata.

Relembre o caso

Juliana foi atingida por um tiro de fuzil na noite de Natal, dentro do carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias. Segundo o pai dela, que dirigia o carro, não havia nenhum motivo para a abordagem a tiros. Ele também foi atingido na mão esquerda e recebeu alta ainda na noite de terça. O carro da família, com cinco pessoas, ficou com várias perfurações por tiro.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o caso. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas pelos seus agentes. Os dois homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.

O caso aconteceu horas após governo federal ter publicado um decreto para regulamentar o uso da força durante operações policiais. Conforme o texto, “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso”.

Menina morta em 2023

Em 2023, outro caso de carro atingido por tiros disparados por policiais rodoviários federais no Rio de Janeiro terminou com a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. A abordagem foi no dia 7 de setembro, na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, conhecida como Arco Metropolitano, na altura do município de Seropédica.

A denúncia do MPF detalha que o pai de Heloísa, Willian de Souza, dirigia o veículo da família e percebeu que era seguido por uma viatura. Ele ligou a seta e se dirigiu para o acostamento, mas os policiais atiraram contra o carro ainda em movimento.

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