Durante a pandemia de Covid-19, muitas gravações bizarras de chamadas e reuniões on-line divertiram os internautas. Com o retorno às atividades normais, no entanto, a prática de reuniões e audiências remotas continuou em alguns casos, mesmo assim, ainda consegue garantir algumas pérolas.
Foi o caso de uma audiência virtual inusitada que aconteceu nesta quinta-feira (24) na 18ª Vara do Trabalho de Curitiba. Na ocasião, o réu de um processo trabalhista se escondeu debaixo de uma mesa para tentar enganar o juiz, após o magistrado desconfiar que ele e o advogado estavam na mesma sala — o que não é permitido.
O réu, Ricardo, não poderia estar no mesmo local que o advogado, porque poderia escutar o depoimento da outra parte. O procedimento está previsto no artigo 385 do Código de Processo Civil (CPC), para não haver interferência nas oitivas.
Com a cena envolvendo o advogado Robison de Almeida Albuquerque Maranhão e o réu, Ricardo, o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado, do Tribunal Regional do Trabalho da 9º Região (TRT-9), suspendeu a audiência.
"O Ricardo estava na mesma sala que o senhor?", indagou o juiz. "Não, ele está na sala de baixo", respondeu Robison. "O senhor consegue girar a câmera, porque parece que a janela é parecida, só para a gente se precaver aqui", solicitou o magistrado.
"Por que que o Ricardo entrou debaixo da mesa, doutor? Poxa, vocês estão de brincadeira com o juiz aqui. Só pode ser piada mesmo. Doutor, eu vou oficiar a OAB, é uma palhaçada e uma falta de respeito", afirmou.
O julgamento é sobre uma ação trabalhista onde uma mulher exige reconhecimento de vínculo e diferença de comissão por parte de Ricardo.
Em nota ao Estadão, o TRT afirmou que a possibilidade de Ricardo ter ouvido o depoimento da autora da ação trabalhista "contraria os dispositivos legais". Segundo a Corte, o advogado tentou "ludibriar o magistrado e a Justiça do Trabalho do Paraná".
"Diante do fato, o juiz suspendeu a audiência e vai programar os depoimentos das testemunhas da ação em data futura, de maneira presencial. Nos próximos dias, o magistrado deve oficiar formalmente à OAB para que apure a conduta do advogado, que tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho no Paraná", informou o Tribunal.
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