Além de serem lugares de tratamento e de cura, os hospitais vinculados à rede estadual de saúde pública também são espaços voltados à humanização e ao acolhimento daquelas que, por vezes, precisam passar semanas, meses como acompanhantes de pacientes. No Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), por exemplo, a dinâmica "Cartão Sorriso", uniu mães e filhos pacientes em um momento de descontração e carinho na varanda do 5º andar do complexo hospitalar, onde fica a ala pediátrica.
Os convidados foram recepcionados por um saxofonista e por um violonista, que interpretaram louvores e fizeram uma rápida oração. Em seguida, começaram as dinâmicas, que envolviam as mães ou acompanhantes dos pequenos pacientes tendo acesso a um mural de cartões com fotos dos sorrisos de cada uma das crianças, e cada uma com uma mensagem especial para elas.
A supervisora de humanização do HRAS, Suzane Silva conta que o "Cartão Sorriso" é uma iniciativa recém-criada e que ocorreu pela primeira vez, com foco em promover uma atmosfera menos relacionada ao ambiente de hospital.
Foi um momento dividido em dois: primeiro com uma ação educativa só com as crianças, de preparação dos cartões, ainda na véspera e sem as mães saberem. E hoje, a celebração, com mães, avós, tias tendo que descobrir onde estava o sorriso de cada filho, neto, sobrinho.
"Neste momento, que é tão difícil a internação, nós resolvemos promover uma dinâmica diferente. E conseguimos sentir que todos gostaram, as crianças se envolveram desde o primeiro momento, participaram da decoração. É como se estivessem em outro ambiente, como se fosse uma festinha de Dia das Mães na escola. Poder proporcionar isso é gratificante para todos nós", reforçou.
Evenny Cabral é mãe do Enzo Mikael, de cinco anos. Ele passou 16 dias em tratamento e recebe alta amanhã, sexta, dia 10. "Eu gostei muito, achei um gesto de afeto. Muitos esquecem do Dia das Mães quando estamos aqui, e trazer esse carinho é muito importante", reconheceu.
Questionado sobre a participação na dinâmica, Enzo abriu um sorriso tão grande quanto o que colocou no cartão. "Eu gostei, eu amo muito minha mãe!", derreteu-se o garotinho, enquanto ficava abraçado em Evenny.
Mãe de Nicole, de apenas três anos, que está em tratamento para pneumonia há mais de um mês e também com previsão de alta para esta sexta, Darieni dos Santos foi outra mamãe que aprovou a iniciativa do HRAS.
"Achei muito boa a ação, é algo maravilhoso, né, estamos há um mês aqui, então para distrair é ótimo, eu não desconfiava da surpresa!", confessou.
Preparo - No HRAS há também um projeto que ajuda mulheres grávidas com dicas e informações que podem fazer toda a diferença no cuidado com o recém-nascido. Pelo "Laços de Amor", gestantes da comunidade e também colaboradoras que estejam esperando seus bebês, passam por uma orientação educacional com treinamento prático sobre parto, puerpério, cuidado com banho, formas de amamentar e até mesmo noção de primeiros socorros com membros do Corpo de Bombeiros.
Outras ações -As ações humanizadas para mães também são realizadas no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, e dentre elas há o "Canto da Empreendedora", projeto que promove empoderamento, geração de renda e a transformação na vida de mães que acompanham os filhos em tratamento oncológico. A atividade conta inclusive com uma mini feira para que mães e responsáveis possam expor produtos à venda.
Já pelo "Mãos Arteiras", desenvolvido em parceria com voluntários, são ofertadas oficinas de artesanato sustentável, além de acolhimento e geração de renda para as mães de pacientes internados.
No projeto "Soletrando o Saber" é feita a alfabetização e letramento das mães dos pacientes que não tiveram oportunidade de frequentar a escola, e no projeto "Fazendo Arte com Tampinhas que Curam" são realizadas oficinas de bijuterias sustentáveis com mães dos alunos da Classe Hospitalar Professor Roberto França, que aprendem a ressignificar alguns materiais e utilizam recicláveis, como tampinhas de medicamentos, na confecção de adornos.
Natacha Cardoso, coordenadora de Humanização do Hospital Oncológico Infantil, admite que a internação do paciente oncológico por muitas vezes acaba comprometendo o emocional e até o físico de sua rede de apoio. Desta forma, ela entende que é missão do hospital a responsabilidade de acolher e promover o bem-estar de paciente e acompanhante.
"A gente vem se esforçando para prestar um atendimento cada vez mais humanizado, não só para os pacientes, mas para toda a sua rede de apoio, sobretudo para as mães, que são 90% das acompanhantes no tratamento", explica a médica.
Daniela Santos é mãe de Elias, atendido no Oncológico Infantil há oito meses. Eles deixaram o município de Garrafão do Norte, nordeste paraense, rumo à capital do estado para o tratamento de um tumor cerebral. Neste tempo, ela passou a integrar o "Mãos Arteiras".
“É um lindo projeto voltado ao artesanato, que é uma área que eu me identifico muito. Conseguimos confeccionar vasos e várias coisinhas bem interessantes e que têm uma importância maravilhosa para nós, mães dos pacientes oncológicos. Além de ser como uma terapia, ocupar a mente, sair um pouco dessa situação que já é bem difícil, é uma oportunidade também de aprender, deixar a mente ativa, ocupada e sadia", finaliza.
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