O final de semana foi movimentado para a Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe). Com o apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), a cooperativa está cada vez mais se destacando e se consolidando nos setores de moda e economia sustentável no Estado do Pará. Pelo segundo ano consecutivo, o trabalho das 25 cooperadas da Coostafe participou da Feira Pará de Negócios e do Amazônia Fashion Week (AFW) 2023, realizado no Espaço São José Liberto, atraindo visibilidade e novas parcerias para a cooperativa.
Criada no ano de 2014, a Coostafe é a primeira cooperativa do Brasil formada por mulheres custodiadas na Unidade de Custodia e Reinserção Feminina de Ananindeua (UCRF), na Região Metropolitana de Belém). Ao todo, 25 mulheres privadas de liberdade fazem parte da cooperativa, cujo trabalho é apoiado pela Seap e permite a geração de renda para as internas, que trabalham na criação de peças de artesanato, bolsas, mochilas, roupas e outros produtos. A produção é comercializada nos eventos e feiras que a cooperativa participa.
Pará Negócios
Realizada no Hangar - Centro de Convenções da Amazônia, a 10ª edição da Feira Pará Negócios 2023, mais uma vez contou com a presença da Coostafe no Empório Cooperativista do Sistema OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, que é a representante política do movimento cooperativista, no Brasil e no exterior. No ano de 2022, a cooperativa participou pela primeira vez do evento e foi destaque entre as entidades participantes.
Gerson Santos, servidor da Seap e tutor da Coostafe, destaca a visibilidade conquistada a cada ano pela cooperativa que representa a consolidação no mercado, obtendo reconhecimento tanto dos clientes como dos parceiros de serviço de apoio. Estes são alguns dos motivos do convite feito para participação na Pará Negócios, realizada pela Associação Comercial do Pará (ACP), novamente.
“Eles entendem que a Coostafe é um grande modelo de cooperativa social do trabalho, a primeira e única em funcionamento na sua área de atuação, e também pela qualidade do produto é justamente o tema da Pará Negócio também é muito do que a coostafe faz com relação a sustentabilidade, a questão de reutilizar, reusar, reciclar, por isso que eles chamaram para a feira com foco no cooperativismo”, explica Gerson.
A Coostafe também integra o Bioocop – Programa da Sociobioeconomia Cooperativista do estado do Pará, criado com o objetivo de apresentar o cooperativismo como viabilizador da sociobioeconomia no estado com vista para a COP30. O Biocoop é composto por 43 cooperativas de 26 municípios distintos, com faturamento anual de 122 milhões de reais obtidos através da comercialização de produtos da sociobioeconomia.
A participação no Bioocop chamou a atenção de uma visitante da feira, Soraya Costa, presidente do Instituto Alachaste, associação sem fins lucrativos, formada por empreendedores que promovem conexões entre as diversas áreas da sociedade, utilizando os princípios e as ferramentas dos negócios sociais.
“É uma iniciativa fantástica. Esse trabalho consegue, de fato, resgatar o ser humano com a sua potencialidade. Na condição de privação de Liberdade em que elas estão, de elas estarem num centro de recuperação, elas têm a possibilidade de enxergar um outro lado, delas próprias, porque elas se veem como pessoas produtivas, pessoas capazes, elas enxergam a sua própria criatividade e o seu potencial, e a partir daí elas conseguem se desenvolver como ser humano e como profissionais, podendo contribuir realmente é para a sociedade”, afirma Soraya, presidente do Instituto Alachaster.
Parceria
Soraya Costa destacou que o Instituto Alachaster atua na linha do negócio social, negócio de impacto social, economia circular, logística reversa e na captação de resíduos descartáveis que são encaminhados para uma destinação adequada. O material reciclável vai para reciclagem, mas muito deste material não é reciclável e acaba encaminhado para o reaproveitamento. E é aí que entra a Coostafe como destino para parte desse material, não reciclado, mas reaproveitado na confecção de peças pela coperativa.
“Vários resíduos como tecido, banner, borracha, e outros materiais que estão nessa classificação vão para as mãos da Coostafe e elas transformam isso em produtos belíssimos. A nossa proposta é de a gente começar a captar os resíduos e entregar para a cooperativa fazer a produção e trabalharmos alguns canais de venda, pois trabalhamos também com essa parte da comercialização. Então, dando tanto a entrada de insumos quanto a comercialização, divulgação desse trabalho delas faz parte dessa nossa parceria”, informou Soraya.
Moda
Outro importante evento que a Coostafe esteve pela segunda vez foi o Amazônia Fashion Week (AFW) 2023, mas desta vez não como entidade convidada. Este ano as cooperadas, por meio da assessoria técnica da Seap, inscreveram um projeto de uma coleção inédita com oito peças, inspiradas na beleza das palmeiras da região Amazônica, como o açaizeiro, o buritizeiro e outras espécies. O projeto foi aprovado e recebeu o apoio dos organizadores para ser concluído e apresentado durante o desfile de encerramento do evento.
Gerson Santos conta que as cooperadas receberam as orientações do estilista Hélio Alvarez para a criação da coleção, mas, todas participaram do processo criativo e da produção das peças e dos ajustes técnicos. “Elas participaram do processo de seleção mesmo, demonstrando a qualidade e profissionalismo”, disse. Gerson também destacou que está em andamento a restruturação, a transformação da Coostafe para uma instituição de alta performance, mas com a participação direta de suas cooperadas.
“Isso vai acontecer graças ao protagonismo delas como mulheres e o apoio técnico da Diretoria de Trabalho e Produção da Seap, que trabalha pilares fundamentais para essa transformação, que é a governança, gestão e o protagonismo feminino por meio de empreendedorismo, por meio da união e da reinserção dessas mulheres em busca desse recomeço”, garante Gerson.
Cleudiane dos Santos é diretora criativa e bordadeira da Coostafe e foi quem escreveu o projeto a partir das orientações dos tutores da cooperativa, relata que está recebendo capacitação e profissionalização e os aspectos que envolvem gestão e a oportunidade de estar contribuindo para “um projeto que resgata vidas”. Ela também ressalta que dentro da Coostafe não há casos de reincidência graças ao trabalho desenvolvido na unidade.
Ela contou que começou a elaboração com foco de mostrar a questão da região amazônica, o regionalismo e a beleza das peças que seriam apresentadas. “Nós conseguimos criar peças que são exclusivas, cujo conceito você observa em cada peça, onde se vê o todo o trabalho criativo”, diz a ex-servidora pública.
“Aqui temos os mesmos objetivos de mulheres que buscam, transformar, ressignificar, se reinserir dentro da sociedade, onde a Coostafe trabalha nesse sentido para mostrar para a sociedade que somos capazes, que mesmo estando nessa condição, que nós não estamos brincando, que nós estamos unindo forças para fazer com que aconteça. nós temos oportunidade de sermos empreendedoras, de montar o nosso próprio negócio, dentro da nossa família, dentro da comunidade. Estamos muito felizes com os modelos da coleção, que está linda e assim nós vamos mostrar o nosso melhor e que foi criado com muito carinho”, disse a cooperada.
A coleção criada pela Coostafe abriu o desfile da AFW e foi bastante aplaudida pelo público presente.
Inclusão
Felícia Maia é a idealizadora e organizadora do AFW, evento de moda que está em sua 18ª edição e é realizado há 17 anos. Este ano traz como tema do Amazônia Fashion Week “Moda e Vida”, e está muito ligada ao trabalho desenvolvido dentro da Coostafe com o reaproveitamento de materiais reaproveitados para a confecção das peças produzidas. Felícia lembrou que desta vez a cooperativa participou da seleção, inscrevendo um projeto próprio e foi selecionada para participar do desfile de encerramento do AFW 2023.
“A gente vê muita satisfação a participação da Coostafe, principalmente porque o tema da Amazônia Fashion Week que é moda e vida então o máximo que a gente puder de incluir pessoas com suas diversidades em várias áreas de atuação e a gente poder desse Gustavo tem um grupo que está se preparando para voltar ao convívio social, poder estar exercendo uma atividade de costura, que é uma forma de ter uma renda isso para nós é extremamente importantes de incentivar”, finalizou.
TEXTO: Márcio Sousa / NCS Seap Pará
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