A Medicina Esportiva vem passando por forte evolução tecnológica nas últimas décadas. Dados do relatório da Mordor Intelligence indicam que o mercado de Medicina Esportiva deve atingir US$ 10.272,48 milhões até 2027. Segundo o documento, os fatores que estão alimentando o mercado incluem o aumento da carga de lesões esportivas, inovação consistente de novos produtos e modalidades de tratamento e aumento da demanda por cirurgias minimamente invasivas. O relatório também destaca que a Medicina Esportiva atua como uma ponte entre ciência, exercício e saúde, além de estimular a avaliação científica, o estudo e a compreensão do desempenho esportivo.
Mais recentemente, os cientistas começaram a perceber que poderia existir um fator de influência para o desempenho dos atletas de alta performance: a microbiota intestinal. Na revisão científica 'Potential benefits and hazards of physical activity and exercise on the gastrointestinal tract', os autores argumentam que há evidências de que exercícios prolongados e intensos têm um impacto potencial na saúde gastrointestinal, levam à supressão do sistema imunológico e prejudicam o desempenho esportivo. "O exercício extremo também está associado ao sofrimento psicológico, uma vez que o treinamento extenuante tende a induzir a ansiedade e o estresse", acentuam.
Os autores do estudo 'Effects of probiotic supplementation on exercise and the underlying mechanisms' afirmam que "o exercício prolongado e de alta intensidade pode desencadear vias de resposta ao estresse em vários órgãos, incluindo coração e pulmões, trato gastrointestinal, musculoesquelético e sistema neuroendócrino, afetando a imunidade, aumentando o risco de infecções, especialmente do trato respiratório superior (URTI, na sigla em inglês) e reduzindo a função de exercício". Para evitar essas consequências, sugerem o uso de probióticos antes, durante e depois das competições.
No estudo brasileiro ‘Daily intake of fermented milk containing Lactobacillus casei Shirota (LcS) modulates systemic and upper airways immune/inflammatory responses in marathon runners’, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com outras instituições de ensino e pesquisa – e publicado na revista Nutrients em 2019 –, a ingestão diária do Leite Fermentado Yakult com Lactobacillus casei Shirota foi utilizada para avaliar a influência do probiótico nas respostas sistêmicas e imunoinflamatórias de vias aéreas superiores de maratonistas. “Depois de 30 dias do experimento, o resultado mostrou que os maratonistas que tinham ingerido o L. casei Shirota tiveram menos sintomas respiratórios, o que indicou que a cepa conseguiu modular a resposta inflamatória-imunológica desses atletas”, afirmam os pesquisadores.
Realizado com jogadores de badminton, o estudo ‘Effects of probiotics on anxiety, stress, mood and fitness of badminton players’ envolveu 30 jogadores da Universiti Teknologi MARA (UiTM) em Shah Alam, Selangor, Malásia, com idades entre 18 e 30 anos. "O resultado mostrou que a suplementação com o probiótico Lactobacillus casei Shirota contribuiu para aliviar a ansiedade competitiva e o estresse dos atletas, mas não afetou o estado de humor dos jogadores", ressaltam os autores.
O resultado foi consistente com evidências de estudos anteriores, como a revisão ‘Endurance exercise and gut microbiota: A review’. Nesta análise científica, os pesquisadores relatam que o exercício de resistência tem um impacto profundo no metabolismo de outros tecidos além do musculoesquelético, incluindo coração, cérebro, tecido adiposo e fígado. No entanto, os probióticos – em conjunto com dieta, tipo de exercício e intensidade – promovem a saúde e o desempenho do exercício em atletas. “Embora pouco se saiba sobre como o microbioma intestinal pode contribuir para o desempenho do exercício de um indivíduo, a literatura acumulada mostra que o exercício sozinho induz modificações na composição da microbiota intestinal”, sustentam os autores.
No estudo ‘Effects of probiotic yogurt on performance, respiratory and digestive systems of young adult female endurance swimmers: a randomized controlled trial’, pesquisadores iranianos realizaram um ensaio controlado randomizado com 46 nadadoras de resistência, de 11 a 17 anos de idade. As atletas receberam iogurte probiótico contendo Lactobacillus acidophilus spp, Lactobacillus delbrueckii bulgaricus, Bifidobacterium bifidum e Streptococcus salivarus thermnophilus ou iogurte comum (controle) diariamente, por oito semanas. Ao final do experimento, houve redução no número de episódios de infecções respiratórias e na duração de alguns sintomas, como dispneia e otalgia, nas nadadoras que ingeriram os probióticos.
Outras evidências de saúde e benefício imunológico da ingestão diária de probióticos foram mostradas em atletas dos clubes de atletismo da Universidade de Loughborough, no Reino Unido. Praticantes de ciclismo, triatlo, corrida de média e longa distância, natação, futebol e rúgbi tendem a ter uma maior incidência de infecção devido ao comprometimento do sistema imune induzido pelo estresse. Durante o estudo ‘Daily probiotic's (Lactobacillus casei Shirota) reduction of infection incidence in athletes’ – randomizado, duplo-cego e controlado por placebo –, os voluntários ingeriram dois frascos de probiótico com L. casei Shirota ou placebo diariamente, por 16 semanas.
Os pesquisadores avaliaram a incidência de URTI em ambos os grupos e, enquanto 90% do grupo placebo sofreu de infecção, no grupo probiótico o índice foi de 66% durante o período experimental. Neste estudo, a incidência de infecção do trato gastrointestinal também foi monitorada entre os dois grupos, e os sintomas foram significativamente mais baixos no grupo probiótico.
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Fundada em 1955 pelo médico e pesquisador Minoru Shirota, a Yakult Honsha, sediada em Tóquio, no Japão, pesquisa os microrganismos probióticos promotores da saúde. A filial brasileira completa 55 anos em 2023. Para outras informações, basta acessar o site ou as redes sociais da empresa: Facebook/yakultbrasiloficial, Instagram@yakultbrasil e TikTok/yakultbrasil
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